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O que esperar da economia e dos investimentos?

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Depois da forte oscilação enfrentada em 2023, que só se acalmou um pouco no último trimestre, 2024 também está sendo um ano marcado por dificuldades no cenário econômico. Para falar sobre o que esperar para o próximo período, a Visão Prev promoveu uma live com Cristiano Picollo, especialista em portfólio da Bradesco Asset Management, com mais de 25 anos experiência em bancos e gestoras de investimentos.

Picollo abriu sua apresentação pelo fim. Ou seja, ele começou explicando por que um bom planejamento financeiro é essencial e, portanto, por que é necessário se informar sobre o que está acontecendo na economia para tomar decisões adequadas às suas expectativas e características como investidor. Confira os principais pontos de sua apresentação que está disponível no canal da Visão Prev no YouTube.

Cristiano Picollo

Por que fazer um bom planejamento financeiro

“Um planejamento financeiro, quando realizado de forma atenta e disciplinada, garante uma série de benefícios, tais como conquistar mais qualidade de vida, melhorar seus hábitos de consumo, aprender sobre o valor do dinheiro, programar melhor o futuro, poder investir nos seus sonhos, garantir uma reserva financeira e, finalmente, fazer seu dinheiro render para dar suporte a todos esses aspectos.

Quando se informa sobre o cenário econômico e avalia seus investimentos, sua tolerância e capacidade de correr riscos, você está elaborando uma etapa fundamental desse planejamento. Vale destacar que é recomendável que esse processo seja revisto periodicamente, visto que os mercados são bastante dinâmicos.

Outro ponto essencial a considerar é o aumento da expectativa de vida. Esse talvez seja o maior desafio de todos os países hoje: estamos vivendo cada vez mais. Já se sabe, por exemplo, que 50% dos bebês que nasceram em 2007 devem viver até 107 anos no Japão e 104 anos nos Estados Unidos, Itália, França e Canadá.  A perspectiva é de uma pressão muito grande sobre o sistema previdenciário e de saúde em todo o mundo. Por isso, é preciso estar bem preparado para desfrutar de uma aposentadoria tranquila.”

Como está o panorama atual

“Estamos vivendo um momento inédito na economia mundial. Durante a pandemia, houve redução das taxas de juros e incentivos fiscais em quase todos os países como forma de evitar uma recessão mais profunda. Estamos agora diante do efeito colateral dessas medidas com o aumento da inflação mundial – nos Estados Unidos, por exemplo, foram registrados os maiores índices inflacionários dos últimos 40 anos. Para frear esse fenômeno, foi necessária uma elevação significativa das taxas de juros mundo afora. Isso tem um efeito danoso na economia real, com maior dificuldade nos financiamentos, na expansão dos negócios e no crédito, gerando também queda no valor das ações das empresas e de diversos títulos de renda fixa.”

O que esperar dos juros

“Nossa expectativa é que tenha início, nos Estados Unidos, o processo de queda das taxas, com redução gradual até 2025. Isso também vem acontecendo em outros países, como o Brasil, mas a dependência mundial das definições do banco central norte-americano exige que esse fenômeno seja sincronizado. Por esse motivo, na última reunião do Copom, a taxa foi mantida, freando um movimento de queda que vinha sendo preparado. O Brasil continua sendo um dos países com a maior taxa de juros do mundo. Apesar de prejudicial para a economia real, essa situação é positiva para quem investe, já que se consegue uma rentabilidade elevada em ativos de renda fixa atrelados à taxa de juros.”

O cenário por aqui

“Temos um período de incertezas, sobretudo no que diz respeito ao comportamento da atividade econômica, da inflação e do controle fiscal no segundo semestre. Em relação à política monetária, houve o adiamento do corte dos juros, como já comentei, e também a valorização do dólar, justamente em função dessa insegurança.

Nas nossas projeções, vemos um crescimento do PIB de 2% neste ano e 1,8% em 2025; IPCA de 3,7% (2024) e 3,8% (2025), Selic de 10,5% (no final de 2024) e 9,5% (no final de 2025) e dólar a R$ 5,05 (no final de 2024) e R$ 5,15 (no final de 2025). É bom ressaltar que nossa estimativa é de 0,8% do PIB de déficit fiscal em 2024, índice muito menor do que em vários países – os Estados Unidos, por exemplo, tiveram déficit de 6% em 2023. Até em comparação com nosso próprio passado, é um dado muito bom, apesar de esse ser sempre um ponto de atenção para evitar descontrole de gastos por parte do governo. Um tema positivo é o crescimento consistente das taxas de emprego, formal e informal, em todas as regiões e setores da economia brasileira.”

Algumas perguntas

Depois da apresentação, Picollo respondeu às questões dos participantes. Selecionamos duas delas para você acompanhar por aqui:

  • No longo e médio prazos, qual a melhor opção de investimento com essas incertezas, já que o CDI aponta queda?

“Não existe uma opção melhor. Existe a opção mais adequada a você – ou seja, aquela que mais se ajusta às suas características, sobretudo em relação à tolerância e capacidade a risco. Uma carteira conservadora tem menor potencial de gerar resultados mais atrativos no longo prazo, mas oferece menor oscilação. Essa tendência à flutuação nas rentabilidades, própria dos ativos com maior risco, deve ser considerada na sua decisão. O mesmo diz respeito à capacidade de risco, porque dependendo da sua faixa etária e do seu patrimônio pode ser difícil esperar pela recomposição após uma perda mais acentuada.”

  • E a questão das guerras, elas influenciam negativamente a economia?

“As guerras têm dois aspectos. Um deles é de curto prazo: se as que já estão em curso acabarem, teremos notícias positivas. Afinal, além do custo humanitário, com as vidas perdidas, uma guerra longa tem um elevado custo financeiro e econômico. Mas existe uma outra guerra, mais estrutural e de médio prazo, que é a batalha comercial entre China e Estados Unidos. Não é um conflito com armas, mas é altamente tático e gera perdas ou ganhos dependendo de que lado cada país está nessa movimentação.”

Acompanhe a live completa no canal da Visão Prev no YouTube

Além da apresentação de Cristiano Picollo, Marcelo Pezzutto fez o lançamento oficial da parceria com a Vale Saúde e Gustavo Araujo, diretor de Investimentos e Finanças, analisou os resultados dos perfis da Visão Prev no primeiro semestre do ano.

julho de 2024