A Visão Prev utiliza cookies para acompanhar os acessos e o comportamento dos usuários no site, melhorar a experiência de navegação e, eventualmente, para fins publicitários. Ao seguir navegando, você concorda com a utilização desses dados. Caso prefira, consulte nossa política de privacidade, clicando aqui
O conceito de governança corporativa ganhou projeção nos anos 90 como um sistema organizado em torno de práticas, regras, estruturas e processos que permitem monitorar o bom funcionamento das organizações. A ideia é assegurar que elas atuem a partir de princípios como responsabilidade, ética, integridade, transparência, equidade e sustentabilidade, entre outros.
A Visão Prev, por exemplo, recebeu em junho de 2024 o Selo de Autorregulação em Governança Corporativa da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). Ele comprova que, por aqui, tudo é feito com qualidade, segurança e transparência, a partir das melhores práticas de mercado. Além disso, a governança faz parte do tripé ESG – Meio Ambiente, Sociedade e Governança – com os quais a Visão Prev também está alinhada (clique aqui para saber mais).
Mas os princípios que moldam a governança não devem estar confinados apenas à realidade das organizações. Em nossa vida cotidiana, agir em sintonia com essas premissas pode representar uma grande contribuição para a construção de uma sociedade melhor, mais justa e ética. Para falar sobre essa aplicação prática em nosso dia a dia, conversamos com Cesar Bullara, diretor e professor do Departamento de Gestão de Pessoas e de Ética nos Negócios do ISE Business School. Acompanhe:
De que forma a governança se expressa em nosso dia a dia em sociedade?
Estamos o tempo todo fazendo escolhas em nossa vida pessoal e é importante que percorramos os passos necessários para as melhores decisões. Para isso, precisamos da chamada sabedoria prática. A sabedoria é muito mais do que o conhecimento de um tema concreto, ela tem a ver com estabelecer conexões entre diversas áreas, situações e informações para chegar às reflexões mais acertadas. Assim, fazemos opções mais prudentes e adequadas às demandas que se apresentam. Quanto mais amadurecemos e mais poder adquirimos, maiores são nossa responsabilidade e o impacto de nossas decisões. Por isso, temos que fazer o certo do jeito certo porque é certo.
Como fazer “o certo do jeito certo”?
Quando tomamos uma decisão, devemos pensar em três aspectos: o que fazer, como fazer e por que fazer. Em geral, tendemos a ir para o lado da ação direta (o que e como) e esquecemos de considerar o motivo de tomar aquela decisão. No entanto, temos que nos guiar pelo propósito da questão: Por que estamos fazendo essa escolha? Qual o seu sentido? Em que contexto ela ocorre? Quais os diferentes aspectos dessa situação? Quais seus impactos? Só depois de refletir sobre tudo isso é que podemos pensar em que e como fazer. Nessa análise, entram também nossos valores pessoais, ou seja, os preceitos aos quais temos que ser fiéis para pensar, decidir e fazer.
O que são valores pessoais nesse contexto?
Em primeiro lugar, é essencial deixar claro que os valores pessoais não dizem respeito a uma ou outra pessoa. Não é aquilo em que cada um acredita ou não como indivíduo. São os valores universais que possibilitam o diálogo entre todos e a vida em sociedade. Estamos falando de integridade, honestidade, desejo de fazer o que é certo, veracidade, confiança, transparência, ética, justiça e responsabilidade. Todos entendemos que esses valores são fundamentais e devem guiar nossas atitudes e escolhas.
Como esses valores dialogam com a governança?
Essa base comum nos instrumentaliza a agir com consciência. Muitas vezes, está claro o que devemos fazer, mas temos dúvidas sobre como fazer. Olhando sob um ponto de vista mais amplo, é preciso dizer que devemos fazer o que é certo e os valores pessoais nos informam nesse sentido. Para chegarmos ao melhor como fazer, precisamos dialogar e esse tem sido um problema do mundo atual. É necessário recuperar o espaço da pluralidade legítima e o interesse real pelo que os outros têm a dizer. Se não construirmos relações de confiança e respeito, estamos arruinados como sociedade.
Por que estamos perdendo essa capacidade de dialogar?
Porque perdemos nossa capacidade de ouvir e o interesse real pelo que os outros têm a dizer, mostrar e ensinar. Primeiro, tenho que ouvir, perguntar, entender de fato, refletir sobre o que é dito, sobre minhas próprias escolhas e ações. Só depois posso analisar se concordo ou não. Mas sempre com respeito, sem querer eliminar o espaço da diversidade e da pluralidade. Caso contrário, vou assumir como verdades as minhas certezas, o que é uma postura superficial, imprudente, arrogante e insensata.
Nos últimos dez anos, essa ausência da capacidade de refletir tem se consolidado, sobretudo com o advento das redes sociais que estimulam a ação rápida, a distração, a falta de foco e a opinião sem ponderação. É até infantil achar que sabemos tudo e que temos uma visão completa frente a tudo. Caímos na crítica pela crítica quando, na verdade, precisamos do outro, do diálogo, da troca. Isso nos enriquece.
Quais são, então, os comportamentos que devemos abandonar?
Medo, orgulho e vaidade são grandes inimigos das boas decisões. Além disso, um aspecto importante é o autoexame de consciência: Você está fazendo algo porque tem uma regra? Mas e se não tivesse uma regra? Precisamos refletir e voltar para aqueles valores pessoais, para o que nos torna capazes de viver em sociedade de forma positiva e plena. É bom termos regras? Com certeza, porém melhor ainda é exercermos nossa capacidade de sermos justos e praticarmos esses valores em nosso dia a dia. Porque, afinal, são eles que nos guiam pelo que é certo e o que é errado. A virtude – moral, social e intelectual – vai muito além das normas e regras.