Visão Educa

A importância de pensar a longo prazo

A+ A- Baixar
PDF

Somos uma geração imediatista, queremos dar conta de tudo, ter as coisas na hora e estarmos sempre conectados, perdendo a paciência, muitas vezes, quando isso não acontece. Mas essas atitudes têm gerado grandes impactos em nosso cotidiano, em nossa saúde e até no desenvolvimento de um futuro com mais segurança e realizações, afirmam especialistas.

A incapacidade de constituir ideias e projetos duradouros é um fator preocupante, além do sentimento de que tudo é descartável, prejudica o nosso senso crítico. Essa é uma das questões que assolam uma sociedade soterrada por informações que chegam instantaneamente, via internet, como explica o professor Douglas Rushkoff da New School University, de Manhattan, em seu livro “Present shock: When everything happens now” ou “Choque do presente: quando tudo acontece agora”.

O professor Rushkoff, criador do termo “cultura do imediatismo”, acredita que hoje em dia as pessoas entendem o tempo como se fosse um instante prolongado: o passado não existe e o futuro é incerto.

O grande problema desse modo de viver, segundo o professor, é que assim acabamos deixando de focar no que realmente importa. Portanto, não concluímos tarefas, largamos filmes pela metade, abandonamos cursos etc. E ainda consumimos desenfreadamente, sem nenhum planejamento e menos ainda economizamos dinheiro. Sem falar da aposentadoria, que a esperamos sem fazer nenhum plano.

Características típicas do imediatista

  • Tem apego excessivo às redes sociais.
  • Não suportam ficar sem acesso à tecnologia.
  • Querem resultados rápidos.
  • Trocam muito de emprego.
  • Desistem de cursos, filmes ou livros que não despertam tanto a atenção logo no começo.
  • Sentem frustração quando não conseguem resolver os problemas imediatamente.
  • Investem pouco ou nada em aplicações ou previdência privada

Para a psicologia, de modo geral, o nosso cérebro tem preferência pela recompensa rápida, fazendo com que deixemos de enxergar algumas ações que poderiam trazer grandes vantagens lá na frente. E apesar de não ser um distúrbio psicológico, o imediatismo pode desencadear males mais sérios, como a depressão e a ansiedade.

Não à toa, a OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta dados alarmantes de uma piora de 25% de novos casos de ansiedade e depressão, em seu último Relatório Mundial de Saúde Mental, publicado em junho de 2022.

Já em 2019, a OMS já estimava que quase 1 bilhão de pessoas vivia com algum transtorno mental, sendo que a ansiedade representava 31% deste total e a depressão, 28,9%. É assustador.

A depressão é o excesso do passado, a ansiedade o de futuro em nossas mentes e o imediatismo é achar que só agora importa, dizem os estudiosos sobre os temas.

Mas como encontrar o equilíbrio entre passado, presente e futuro?

Para ajudar, reunimos algumas dicas dos especialistas:

  • Invista em autoconhecimento e em psicoterapia. “Conhece-te a ti mesmo e conhecerá o universo e os deuses”, como já dizia Sócrates.
  • Repense o uso das redes sociais e tente filtrar conteúdos que podem estimular o imediatismo ou a ansiedade.
  • Fortaleça os laços de amizade e as relações para que a produtividade não seja o único foco em sua vida.
  • Tenha um plano concreto de futuro que trará mais tranquilidade.

Pensar a longo prazo pode ser uma ferramenta excelente contra o estresse causado pelo imediatismo e a frustração que traz os objetivos inalcançáveis no curto prazo. Quando planejamos o caminho, fica mais fácil seguí-lo com determinação e equilíbrio.

Até mesmo na hora de fazer investimentos, o tempo é um fator determinante em nossas vidas. Por exemplo, é difícil realizar grandes sonhos quando deixamos para investir neles às vésperas de acontecerem. Isso vale também para os planos de aposentadoria. Quanto mais cedo começarmos, mais benefícios teremos. Basta pensar na lógica dos juros compostos, que é como uma bola de neve para acumular patrimônio, contando com o fator tempo.

Infelizmente, segundo estudos, a população brasileira é muito imediatista. A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros de Capitais, (Anbima) realizou uma pesquisa e mostrou que quase 50% dos trabalhadores do país desejam ter uma realidade financeira apropriada quando pararem de trabalhar, em média, aos 60 anos. Contudo, a maioria das pessoas não possuem uma organização de suas finanças.

Por tudo isso é fundamental usar o tempo como aliado. Buscando aprender com o passado, vivendo o agora com consciência e planejando o futuro com mais segurança.

dezembro de 2022