Em 2017, o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon lançou-se em uma missão bastante complexa, mas muito interessante para os brasileiros de todas as idades: elaborar um estudo inédito que ajudasse a identificar as melhores cidades para viver – e envelhecer – no país. O levantamento levou à criação do Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL) que qualificou as condições de vida em 498 municípios.
Três anos depois, o Instituto realizou a segunda edição da pesquisa, ampliando seu raio de alcance em mais de 75%. No total, foram avaliadas 876 cidades a partir de sete variáveis: saúde, bem-estar, finanças, habitação, cultura e engajamento, educação e trabalho e indicadores gerais. Os resultados permitem verificar o melhor e o pior de cada município, cumprindo a meta de “apontar, de forma clara e objetiva, os pontos positivos e negativos dessas cidades para que gestores, governantes e representantes da sociedade civil possam pensar em ações efetivas que promovam o aumento da longevidade com qualidade de vida nessas localidades”.
Saiba mais sobre esse ranking na entrevista a seguir, com Antonio Leitão, gerente institucional do Instituto e, ao final, confira o posicionamento de sua cidade!
Percebemos a ausência de um estudo aprofundado que mostrasse a realidade de nossas cidades frente a um cenário cada vez mais notável no país: o envelhecimento populacional e a expectativa de vida crescente. Hoje, mais de 90% dos brasileiros residem em áreas urbanas e, consequentemente, a maioria dos idosos também. É fundamental, portanto, apontar os problemas que nossos municípios possuem para se tornarem inclusivos a pessoas de todas as idades e saber por onde começar na hora de construir soluções.
O Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL) é um retrato da oferta de serviços e infraestrutura dos municípios avaliados com foco na população longeva. Ele reúne mais de 50 dados públicos essenciais para que as cidades possibilitem uma vida mais longa e melhor para seus cidadãos. A partir dos resultados do índice, os gestores públicos municipais podem distinguir claramente quais devem ser suas prioridades para utilizar melhor os recursos existentes.
Nosso objetivo é acompanhar a evolução das cidades com o passar do tempo e continuar mostrando para a sociedade civil e gestores públicos o que tem avançado ou regredido. O IDL já nasceu com essa proposta de incentivar ações de melhoria contínua. Afinal, nossos municípios são vivos e estão em constante mudança.
Nesta segunda edição, aumentamos em mais de 75% o número de cidades pesquisadas, mas vale frisar que não conseguimos atingir nossa meta que era de 1.000 municípios, devido à falta de dados disponíveis.
O IDL é construído exclusivamente com base em dados públicos levantados pela equipe de pesquisa do projeto a partir de fontes oficiais diversas como Prefeituras, IBGE, Banco Central e Ministérios, entre outros. Nossa escolha pelo uso desse tipo de dado se deu para que conseguíssemos comparar objetivamente a realidade dos diferentes municípios.
Entre uma edição e outra, não houve alteração estrutural na metodologia do índice, embora ele tenha sofrido alguns ajustes como, por exemplo, a redução no número de indicadores (de 63 para 50). Isso ocorreu para viabilizar o aumento no total de municípios analisados. Como há escassez de dados confiáveis no país, só conseguimos alcançar o número de 876 cidades avaliadas em função dessa redução. No entanto, não houve nenhum prejuízo à robustez metodológica.
Não houve diferenças substanciais. O IDL, sendo um índice baseado em indicadores socioeconômicos variados e associados ao bem-estar, reflete as condições do país de maneira geral. Ou seja: em 2020, assim como em 2017, os municípios com melhor desempenho costumam estar concentrados nas regiões Sul e Sudeste. Cidades maiores e com orçamento mais substancial (e que, portanto, podem oferecer mais serviços públicos) também tendem a ter melhor desempenho.
Acredito que vale ressaltar a forma como apresentamos as pesquisas junto ao público. Em 2020, o Instituto buscou tornar os resultados mais atrativos e simples de entender para as pessoas de forma geral, ampliando e facilitando o acesso aos dados. Por isso, eles são divulgados de forma interativa no portal do Instituto. Além do ranking geral, há relatórios por município que podem ser baixados e compartilhados, uma caixa de pesquisa sobre os resultados de cada cidade e um simulador de cidade ideal.
O IDL é fundamentado em indicadores públicos que levam em consideração a oferta de serviços variados, públicos e privados, para os cidadãos, bem como marcadores do nível de desenvolvimento socioeconômico da localidade. Em vista disso, podemos entender o bom resultado de metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo como uma consequência de sua maior riqueza que faz com que possam proporcionar serviços em maior quantidade e diversidade.
Estamos falando de serviços de saúde, educação, lazer, mas também da oferta de trabalho e moradia adequada, por exemplo. Tudo isso traz impactos positivos para a longevidade, mas não quer dizer que essas cidades não apresentem desafios à sua população, particularmente à população idosa.
Tampouco uma boa avaliação no IDL indica que não haja o que melhorar. Ainda não temos uma cidade perfeita para a longevidade no Brasil, mas o IDL nos revela aquelas que estão mais próximas ou mais distantes desse ideal.
Tem sido bastante positiva. Os resultados da primeira edição foram debatidos em diferentes fóruns, junto aos setores público e privado. Além disso, em decorrência do IDL 2017, o Instituto de Longevidade firmou parceria com o Conselho Nacional do Idoso, órgão ligado ao Ministério dos Direitos Humanos, para criação de outro projeto, o Gestão Pública para Longevidade (GPL), que consistiu em uma capacitação para que gestores municipais desenvolvessem políticas públicas focadas em longevidade, com base nos resultados do IDL e utilizando uma metodologia de inovação por processo.
O tema longevidade tem conquistado maior relevância nos últimos anos. De fato, observamos um aumento nas abordagens sobre envelhecimento ativo e saudável na esfera pública, na mídia e em empresas do setor privado. Embora não seja possível afirmar que o IDL e o trabalho do Instituto de Longevidade sejam responsáveis por isso, sabemos que ele contribui para o tema.