Visão de Vida

Fake news: você é responsável pelo que compartilha online!

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Ninguém pode negar que as redes sociais são superúteis. Elas agilizam a comunicação, expandem horizontes, ajudam a encontrar pessoas e grupos com interesses comuns, facilitam o acesso a uma quantidade infinita de informações… Enfim, é praticamente impossível pensar o mundo hoje sem sua existência.

Mas, como tudo na vida, as redes também podem gerar vários problemas como isolamento social, desinteresse por relacionamentos no “mundo real”, excesso de tempo online comprometendo outras atividades ou até mesmo delitos graves. Entre eles, um dos que vêm ocupando o centro dos debates é a criação e compartilhamento de fake news, atividade que pode inclusive ser enquadrada como crime.  

A relevância desse tema é tão grande, sobretudo às vésperas das próximas eleições no país, que é fundamental você entender e evitar participar dessa teia de desinformação, preconceito e até crimes sem saber.

O que são fake news?

As fake news, como o termo em inglês indica, são notícias falsas publicadas como se fossem verídicas. Esse tipo de conteúdo é, em geral, produzido para divulgar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou um grupo. O problema é que as fake news podem parecer verdadeiras, mas são produzidas por agências de notícias ou canais com interesses duvidosos, buscando enganar quem as recebe.

Por isso, elas costumam ser bem apelativas para que possam se espalhar rapidamente, com um forte poder viral. Seu poder é ainda maior entre pessoas que usam as redes sociais, sobretudo o WhatsApp e canais particulares no YouTube, como fonte prioritária de informação.

Mas isso sempre existiu...

Com certeza, notícias falsas ou enganosas não são uma invenção do século XXI. O agravante hoje é a velocidade com que elas se espalham e, portanto, seu alcance e capacidade de gerar uma realidade paralela em relação a muitos assuntos.

Nem de longe se trata de uma “fofoquinha” inocente (se é que isso existe!). O universo das fake news está relacionado sobretudo a temas políticos, preconceitos dos mais variados tipos ou vontade de que um grupo, crença ou modo de viver se sobreponha a outro, utilizando para isso dados, pesquisas e conteúdos parcial ou totalmente fraudulentos.

Essa rede de mentiras é alimentada por equipes especializadas formadas por publicitários, comunicadores e profissionais de marketing e de tecnologia (ou seja, não estamos mais falando daquela vizinha que adora comentar a vida alheia ou inventar histórias mirabolantes). Essas agências costumam comprar ilegalmente listas com endereços de e-mail e números de telefone de milhões de pessoas para disparar o conteúdo falso. Além disso, criam perfis falsos para espalhar a desinformação.

É algo profissional, intencional e perigoso que, como se vê diariamente, serve para confundir, difundir desinformação, disseminar preconceitos e prejudicar a vida de pessoas públicas e até mesmo de cidadãos “comuns”.

Vale conferir esse vídeo da Justiça Eleitoral sobre fake news:

Informação ao gosto do freguês

Uma consequência ainda mais ameaçadora das fake news é que, diante dessa guerra de (des)informação, as pessoas tendem a preferir os conteúdos que reforçam suas crenças e posicionamentos, o que vem enfraquecendo os órgãos tradicionais de imprensa.

No início de junho, o Reuters Institute publicou os dados do Digital News Report 2022, pesquisa que estuda o consumo de notícias globalmente. O acesso a fontes tradicionais, como TV e mídia impressa, caiu drasticamente em todos os países, de 63% em 2017 para 51% em 2022, com uma parcela significativa dos entrevistados apontando que as notícias têm um efeito negativo em seu humor.

Por outro lado, a audiência de podcasts e canais no YouTube vem crescendo, o que indica o perigo das informações “sob medida” que solidificam aquilo em que uma pessoa já acredita, mesmo que seja uma inverdade. Vale lembrar o que ocorreu durante a pandemia de Covid-19, com um bombardeio de informações falsas que dificultou o controle da doença no país. Um resultado arriscado desse tipo de situação pode ser pessoas vivendo em mundos paralelos, com verdades próprias e inquestionáveis, por mais que se prove o contrário.

O que fazer

Uma boa maneira de não participar da propagação de notícias falsas é ficar sempre atento. Ou seja, antes de repassar ou curtir:

  • Não leia apenas o título da mensagem ou do post.
  • Desconfie: essas notícias costumam apelar para emoções e instintos básicos.
  • Verifique se a informação veiculada vem de um site, perfil ou mídia transparente.
  • Frases obscuras ou erros ortográficos são um bom sinal de alerta.
  • Pesquise mais informações sobre o tema para comparar diferentes fontes.
  • Cuidado com os “clickbaits” (caça-cliques) que, por meio de imagens ou títulos sensacionalistas, atraem os curiosos, aumentando a audiência desses sites, blogs ou perfis.
  • Se tiver um canal de denúncias na rede social em que aparece a notícia, avise o canal para coibir essa prática.

Vale lembrar que é crime

O Código Penal brasileiro prevê três tipos de crimes contra a honra que têm penas específicas:

. Calúnia: Atribuir falsamente a alguém fato definido como crime.

Pena: detenção de seis meses a dois anos e multa.

. Difamação: Atribuir a alguém fato ofensivo à sua reputação.

Pena: detenção de três meses a um ano e multa.

. Injúria: Ofender a dignidade ou o decoro de alguém.

Pena: detenção de um a seis meses e multa.

Dependendo do contexto e dos danos causados, alguns especialistas em direito defendem que a criação e a veiculação de fake news podem ser associadas a esses e outros crimes, tais como racismo, preconceito racial e homofobia. Também está em análise na Câmara dos Deputados um projeto de lei – o PL 2.630/20 – que já foi aprovado pelo Senado e visa, entre outros aspectos, deixar clara a responsabilidade de cada um frente a esses crimes e sua penalização.

Veja, nesse vídeo, as possíveis consequências jurídicas das fake news:

Está em dúvida se o que recebeu é verdade? Então, não compartilhe!

julho de 2022