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Em março, a Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar) lançou a série “Ressignificar a Previdência”. O objetivo é ajudar a transformar o modo como a previdência complementar é entendida no Brasil. Dividido em cinco episódios, o documentário conta com a participação de especialistas de várias áreas, destacando o envelhecimento da população no país e o valor da programação previdenciária na vida dos brasileiros:
Um novo momento
O olhar dos jovens
Os novos 60+
O olhar dos previdentes
Visão de futuro
Com cerca de 5 minutos, os episódios estimulam a discussão de aspectos econômicos e comportamentais do tema e convidam as pessoas a enxergar novos propósitos para seu futuro. Para falar sobre mais essa iniciativa da Abrapp, entrevistamos seu diretor-presidente, Devanir Silva, um dos maiores especialistas em previdência complementar no país, com 42 anos de experiência no setor. Acompanhe:
Nesses seus 42 anos de experiência, o que mais mudou na previdência complementar?
O sistema de previdência complementar paga anualmente R$ 100 bilhões em benefícios a quase 870 mil aposentados e pensionistas. Isso é muito significativo e vem sendo feito de modo objetivo e sistemático, mesmo em momentos extremamente complexos como foi a pandemia. Ou seja, é uma construção sólida de um sistema bem-estruturado que movimenta um patrimônio de R$ 1,3 trilhão, o que representa cerca de 12% do PIB nacional.
Quem já usufrui esses benefícios, na forma de renda mensal, sabe sua importância para uma aposentadoria mais tranquila, sem perda de qualidade de vida. Mas, até pouco tempo, esse conhecimento estava mais confinado ao âmbito das empresas patrocinadoras – ou seja, que oferecem previdência complementar aos seus profissionais.
Na Abrapp, temos buscado ampliar essa proteção, com os planos instituídos por entidades de classe (como sindicatos, cooperativas e associações profissionais) e com os planos para familiares (como é, na Visão Prev, o caso do Mais Visão). Mas ainda há muito o que fazer e estamos posicionando esses esforços sob o guarda-chuva do “Ressignificar a Previdência” para fomentar a expansão do sistema.
O que mais está no radar dentro desse objetivo de expansão?
Temos que viabilizar, flexibilizar e desonerar os planos. Precisamos criar atrativos para os jovens e os trabalhadores que estão diante de um mercado cada vez mais informal. Portanto, não podemos depender somente do patrocínio das empresas para o crescimento do setor.
A Abrapp tem atuado junto ao poder público a fim de apresentar essas questões e pensar conjuntamente em maneiras de viabilizar o aumento de cobertura da previdência complementar. Até porque isso ajuda a diminuir a pressão sobre o INSS que já está sufocado.
A maior informalidade no trabalho e o aumento da longevidade constituem um imenso desafio para o futuro. Hoje, o Brasil tem 129 milhões de pessoas em idade economicamente ativa, das quais mais de 70 milhões não têm previdência pública ou privada.
Existe alguma nova proposta nesse sentido?
Sim. Temos conversado com os Ministérios do Trabalho e Emprego e da Previdência Social sobre uma proposta desenvolvida pela Abrapp para os trabalhadores de aplicativos. Segundo o IBGE, eles somam hoje 2,1 milhões de cidadãos, sendo 1,5 milhão de motoristas, entregadores ou prestadores de serviços gerais. Nosso compromisso é trazer essas pessoas para dentro do sistema a partir de um modelo mais simples e flexível, com um tratamento tributário mais atraente, que não vise o lucro, mas sim o bem-estar futuro da população.
E os jovens?
Os jovens são outro público-alvo de nossos projetos, por meio do PrevSonho. Por isso, os planos familiares são tão importantes. Esse modelo, pensado para o público jovem, permite resgates antecipados para situações específicas como financiar estudos, viagens ou outros projetos de médio prazo. Desde 2020, quando lançamos essa opção, os planos familiares têm se expandindo de forma marcante. Em setembro de 2024, eles atingiram um total de 132,9 mil pessoas, com R$ 2,3 bilhões em ativos, contra 130,9 mil participantes em 2023, com R$ 1,9 bilhão em ativos. Além disso, pleiteamos junto ao Ministério da Educação que previdência complementar passe a ser um tema do currículo escolar.
Na Visão Prev, o plano Mais Visão foi de 364 participantes e R$ 1,6 milhão de patrimônio para 1.127 participantes e mais de R$ 87 milhões de patrimônio, no comparativo de dezembro de 2020 com dezembro de 2024.
O documentário faz parte da meta de ampliar o alcance do tema?
Com certeza, temos que difundir a consciência previdenciária. Estamos em um mundo no qual o presente tem valor excessivo e precisamos ajudar as pessoas a pensar também no futuro e planejar seus recursos para um período de vida que, se não for bem programado, pode trazer consequências terríveis, não apenas para o indivíduo, mas também para seus familiares e o país como um todo. Precisamos contribuir para uma longevidade saudável e segura e, sem dúvida, isso passa pelo conhecimento e valorização da previdência complementar como instrumento de desenvolvimento social, econômico e humano.
Dados do IBGE apontam que:
De 2000 a 2023, a proporção de idosos (60+) quase duplicou, subindo de 8,7% para 15,6%. Em 2070, cerca de 37,8% dos brasileiros serão idosos.
A idade média da população, que era de 28,3 anos em 2000, subiu para 35,5 anos em 2023 e deve chegar aos 48,4 anos em 2070.